quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Recifes de Corais vão morrer em 50 anos

O aumento da emissão de gases de estufa está a matar os corais. Segundo um estudo apresentado em Stanford (EUA), mesmo o cenário mais optimista em termos ambientais não serve para a evolução dos recifes coralíferos. Por volta de 2050, a não ser que se tomassem medidas drásticas de diminuição da poluição, 98% dos corais hoje existentes terão desaparecido.
O estudo envolveu 17 cientistas de sete países e foi coordenado pelo Carnegie Institute for Science. Concluiu que as emissões de dióxido de carbono (CO2) e metano estão a provocar alterações químicas provavelmente irreversíveis nos oceanos, destruindo a vida de muitas espécies que se abrigam nos recifes coralíferos, com particular relevo nos existentes na Oceânia e no mar das Caraíbas.
"Os oceanos absorvem cerca de um terço das emissões de CO2, o que ajuda a travar o aquecimento do planeta, mas que tem efeitos catastróficos sobre a fauna marinha", explicou à Science Ken Caldeira, um dos cientistas responsáveis pela investigação.
A absorção de CO2 cria nas águas marinhas uma acidez que corrói a aragonite, um mineral usado pelos corais e por outros seres marinhos para lhes fortalecer o esqueleto. A diminuição dos níveis de aragonite, que antes da revolução industrial eram 3,5 vezes mais elevados do que hoje impedirá os corais de crescerem.
Por outro lado, a acidez excessiva cria um tipo de microalgas que substituem e destroem o plâncton, base da alimentação de muitos seres vivos aquáticos. Os corais rejeitam essas algas. O aquecimento global provoca o branqueamento dos corais, já que destrói outro tipo de algas que lhes serve de alimentação. Por essa via, os cientistas estimam que, desde 1997, já tenham desaparecido 16% dos corais existentes na altura.
Actualmente, as águas marinhas contêm cerca de 380 unidades de CO2 por milhão de litros. Num cenário de ligeira diminuição e de que a temperatura terrestre só suba um grau, até 2050, uma hipótese que não está sobre a mesa, por ser demasiado optimista, os corais continuariam a desaparecer mas a sua destruição não seria tão rápida, embora a tendência para perder a cor fosse uma constante. Na hipótese intermédia, a temperatura terrestre a subir dois graus e a ligeira subida de unidades de CO2 por milhão de litros de água, os corais desintegravam-se arrastando consigo parte da vida marinha que lhe está associada. Se nada for feito, a extinção da maior parte da fauna marinha ocorrerá antes do final do século.
Bob Steneck, da Universidade do Maine (EUA), uma das instituições que participou na experiência, explicou que os recifes coralíferos geram receitas de 30 mil milhões de dólares na Ásia e na Oceânia, através das actividades de pesca e turismo, das quais estão dependentes quase mil milhões de pessoas.
O efeito da acumulação de dióxido de carbono na água é independente dos efeitos que provoca no clima. Por isso, os investigadores dizem que a diminuição de CO2 actualmente após um estudo realizado em Bali pode ajudar em relação ao aquecimento terrestre mas não chega para reduzir a acidez marinha.

Notícia publicada em 15/12/07

1 comentário:

  1. Como se pode ver muitas são as notícias que são publicadas e apresentam estudos que revelam a destruição dos recifes de todo o mundo. E esta não é excepção, apresentando mesmo uma estimativa de anos de vida dos recifes existentes no momento. Se estiver certo, este estudo demonstra que nao vai demorar muito tempo até estas maravilhas desaparecerem. Para contriar esta estimativa, teria de haver uma drástica mudança de atitudes da população. Essa mudança passaria pela redução de poluição nos mares e acabar com a pesca excessiva principalmente nas zonas de recifes.

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